Quem sou eu

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Sou uma mulher que anda de salto alto;E uma menina que brinca no balanço...Sou uma mulher que luta...E uma menina que chora;Sou uma mulher cheia de desejos.E um menina cheia de sonhos...Sou uma mulher que briga;E uma menina que perdoa...Sou uma mulher que faz regime...;E uma menina que se “entope "de sorvetes e chocolates;Sou uma mulher que grita;E uma menina que ouve;Sou uma mulher que fica triste,E uma menina que da risada...Sou uma mulher que tem grandes irmãos;E uma menina cheia de “coleguinhas”...Sou uma mulher que acredita em Deus...;E uma menina que confia no “Papai do céu“...Sou uma mulher que “encanta“e uma menina que aplaude.Sou uma mulher que sobrevive longe do amor.E uma menina que chora de saudade...

25 de abril de 2011

APRENDIZAGEM

– Mãe, cabelo demora quanto tempo pra crescer? – Hã? – Se eu cortar meu cabelo hoje, quando é que ele vai crescer de novo? – Cabelo está sempre crescendo, Beatriz. É que nem unha. A comparação deixa a menina meio confusa. Ela não está preocupada com unhas. – Todo dia, mãe? – É, só que a gente não repara. – Por quê? – Porque as pessoas têm mais o que fazer, não acha? A menina não sabe se essa é uma pergunta do tipo que precisa ser respondida ou é daquelas que a gente ouve e pronto. Prefere não responder. – Você é muito ocupada, não é, mãe? – Hã? – Nada, não. A mãe termina de passar a roupa e vai guardando tudo no armário. Enquanto isso, Beatriz corre até o quartinho de costura, pega a fita métrica e mede novamente o cabelo da boneca. Ela tinha cortado aquele cabelo com todo o cuidado do mundo, pra ficar parecido com o da mãe, mas a verdade é que ficou meio torto. "Nada, não cresceu nada", ela conclui, guardando a fita. E já tem uma semana! Depois volta para onde está a mãe, que agora lustra os móveis. – Mãe, existe alguma doença que faz o cabelo da gente não crescer? – Mas de novo essa conversa de cabelo! Não tem outra coisa pra pensar não, criatura? Sobre essa pergunta não há dúvida: é do tipo que você não deve responder. A mãe continua trabalhando. Precisa se apressar. Dali a pouco a patroa chega da rua e o almoço nem está pronto ainda. – Mãe! – O que foi? – É que eu estava aqui pensando. – Pensando o quê? Beatriz não responde. Espera um pouco, tentando achar as palavras certas. – Vai, fala logo. – Quando a gente faz uma coisa, sabe, e não dá mais para voltar atrás, entendeu? – Não, não entendi. Ela abaixa a cabeça, dá um tempinho e resolve arriscar: – Então, se você não entendeu, posso continuar perguntando sobre cabelo? – Ai, meu Deus! Beatriz deixa a mãe trabalhando e vai procurar de novo sua boneca. Pega a boneca no colo e diz no ouvido dela: – Não liga, não. Cabelo de boneca é assim mesmo, cresce devagar, viu? E com um carinho: – Foi minha mãe que me ensinou. Flávio Carneiro, autor deste conto, é roteirista, ensaísta e professor de Literatura. Tem 11 livros publicados, dentre eles, A Distância das Coisas (Editora SM), vencedor do III Prêmio Barco a Vapor. Ilustração: Eva Uviedo

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